A arte brasileira: Século 19: Neoclassicismo, Romantismo e Realismo | Viagens ao Extremo | Brasil



A ARTE BRASILEIRA

SÉCULO 19: NEOCLASSICISMO, ROMANTISMO E REALISMO

A arte brasileira

SÉCULO 19: NEOCLASSICISMO, ROMANTISMO E REALISMO

(O que restou da antiga Academia Imperial de Belas Artes, seu portal de entrada, hoje preservado no Jardim Botânico do Rio de Janeiro)

Um único evento no século 19 espalhou as sementes para uma completa renovação nas artes visuais brasileiras: a chegada da Missão Artística Francesa em 1816, que reforçou fortemente o estilo Neoclássico, anteriormente visto no Brasil somente em tímidas tentativas. Joachim Lebreton, seu líder, propôs a criação de uma Academia de Belas Artes, mais tarde reestruturada como a Academia Imperial de Belas Artes. A Academia era o centro mais importante para as artes visuais através de quase todo o século 19. Ela impôs um novo conceito de educação artística e foi a base para uma revolução na pintura, escultura, arquitetura e artes gráficas brasileiras.

(“A Primeira Missa no Brasil”, uma das obras mais conhecidas de Victor Meirelles, que também pintou “A Batalha de Guararapes”, foto do banner inicial dessa página e o famoso quadro do grito de independência do Brasil por Dom Pedro I)

Algumas décadas depois, tendo como patrono pessoal o imperador Dom Pedro II, que estava engajado em um ambicioso projeto nacional de modernização, a Academia atingiu sua era de ouro, apoiando o surgimento da primeira geração de pintores do Romantismo. Victor Meirelles e Pedro Américo, entre outros, produziram símbolos visuais que perduram até hoje de identidade nacional. Deve-se dizer que, no Brasil, o Romantismo na pintura tomou uma forma peculiar, não mostrando o exagero no drama, fantasia, violência ou interesse na morte e no bizarro comumente visto na versão europeia.

(O escritor romântico Manuel Antônio de Almeida, cujo romance mais conhecido é “Memórias de um Sargento de Milícias”)

Enquanto isso, a literatura também evoluiu para um período romântico-nacionalista com os trabalhos de Casimiro de Abreu e Manuel Antônio de Almeida. Em torno de 1850, uma transição começou, centrada em Álvares de Azevedo, que era influenciado pela poesia de Lord Byron. Essa segunda geração do Romantismo era obcecada com a morbidade e a morte e, logo depois, comentários sociais apareceram na literatura – ambas coisas não vistas nas artes visuais.

(Gonçalves Dias, que sempre quis estabelecer uma identidade nacional, ficou para sempre famoso pela primeira estrofe de um de seus poemas, “Canção do Exílio” – “Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá.”)

Antônio Castro Alves escreveu sobre os horrores da escravidão, e os índios perseguidos foram resgatados através da arte por poetas e romancistas como Antônio Gonçalves Dias e José de Alencar. Essas tendências combinadas acabaram resultando em um dos mais importantes feitos do Romantismo no Brasil: o estabelecimento de uma identidade nacional brasileira baseada na ancestralidade indígena e o rico ambiente natural do país.

(O compositor de óperas Carlos Gomes foi o primeiro músico brasileiro a ser reconhecido internacionalmente)

Na música, o século 19 produziu somente dois compositores de talento extraordinário: o compositor sacro neoclássico José Maurício Nunes Garcia, por um período foi diretor musical da Corte, e mais tarde o compositor de óperas Carlos Gomes, o primeiro músico brasileiro a ser aclamado internacionalmente, sua obra principal sendo “O Guarani”.

(Pintura “Descanso da Modelo”, do artista realista Almeida Junior)

No final do século 19, a arte brasileira começou a migrar para o Realismo. Descrições da natureza e do povo brasileiro em suas várias regiões assim bem como romances psicológicos proliferaram com João Simões Lopes Neto, Aluísio Azevedo, Euclides da Cunha e, acima de todos, Machado de Assis, enquanto Almeida Junior, Pedro Weingärtner, Oscar Pereira da Silva e outros pintores realistas mostravam tipos folclóricos e as cores e luzes distintas da paisagem brasileira.