(Ainda hoje, formam-se jovens na Escola Superior de Guerra. Na foto, cerimônia de formatura do Exército)
No final da década de 1950 e início da de 1960, o sucesso das técnicas revolucionárias de guerra contra exércitos convencionais na China, Indochina, Argélia e Cuba, levaram os exércitos convencionais nos mundos desenvolvidos e subdesenvolvidos a concentrarem-se em encontrar estratégias militares e políticas para lutar contra suas revoluções internas. Isso levou à adoção do que Stepan chamou, em 1973, de “Novo Profissionalismo”. O Novo Profissionalismo foi formulado e propagado no Brasil através da Escola Superior de Guerra, fundada em 1949. Em 1963, o Novo Profissionalismo dominou a escola, quando ela declarou como sua missão primária preparar “civis e militares a exercerem funções executivas e de aconselhamento”. Essa nova atitude em direção ao profissionalismo surgiu do nada. Apesar de sua dominação estar completa na Escola Superior de Guerra em 1963, ela começou a penetrar nas faculdades muito mais cedo – com o apoio dos Estados Unidos e sua política de encorajar militares da América Latina a assumir seu papel primário na contra-guerrilha e contra insurgências, atitudes cívicas e tarefas de construção da nação.
(As greves eram generalizadas no Brasil em 1964, e os militares tinham medo de uma revolução de esquerda no país)
Em 1964, a elite militar, insatisfeita com os atrasos, transferências, acomodações e das características dos processos de negociação nos regimes democráticos, estava ansiosa para impor seu projeto de desenvolvimento. Eles viam uma revolução de esquerda como uma possibilidade real. Níveis elevados de greves, a taxa de inflação, demandas da esquerda por um processo político mais amplo, reforma agrária, e as crescentes demandas dos alistados foram todos vistos como “provas” de que o Brasil estava encarando a séria possibilidade de uma insurgência interna de esquerda.
(Tanque em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo do estado do Rio de Janeiro, em 1964)
No início de 1964, seções importantes das Forças Armadas haviam desenvolvido um consenso que a intervenção no processo político era necessária. Políticos civis importantes, como José de Magalhães Pinto, governador de Minas Gerais, e o governo dos Estados Unidos, ajudaram bastante no desenvolvimento desse consenso. Apesar de muitos do espectro político da direita falarem que o golpe foi “revolucionário”, a maior parte dos historiadores concorda que não foi bem assim, uma vez que não houve transição real de poder; a ditadura militar era a maneira mais rápida de implementar políticas econômicas no país enquanto suprimia o crescente descontentamento popular, e o golpe foi então uma maneira da elite que já dominava o Brasil garantir o seu poder.
Primeiramente, houve um intenso crescimento econômico, devido a reformas econômicas, mas nos últimos anos da ditadura, as reformas haviam deixado a economia em frangalhos, com enorme desigualdade social e dívida interna e externa, e milhares de brasileiros foram deportados, presos, torturados ou assassinados. Foram centenas as mortes com motivações políticas, a maior parte delas com a dualidade guerrilha e anti-guerrilha no período de 1968 a 1973. A censura oficial também levou muitos artistas para o exílio.